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carol zanarotti

Nesse mesmo mar, só que feito de outras ondas

Essa fotos são de abril de 2014 (é até ridiculo). Já faz um tempinho que estou com elas na cabeça e não quero deixar que completem 3 anos.

Essa tarde é sobre elas e sobre a minha infância no mar. Quem ouve até pensa que eu era rata de praia, muito pelo contrario. (Re)descobri a praia nesse ano daí, ou quem sabe foi mesmo no ano seguinte, em 2015. E a praia me fisgou. Mas se tem uma memória que tenho do mar, sou eu com 11 anos nesse mesmo mar, só que feito de outras ondas, e é uma lembrança muito parecida com essa. Talvez foi naquele momento que me tornei fotógrafa mesmo sem saber. Lembro vividamente da sensação do mar e pela primeira vez senti vontade de guardar algo que não poderia ser guardado. Lembro que queria conseguir congelar a fluidez da água e sua transparência, guardar o som e a maciez da espuma, todos os tons e cores do céu e a forma como a luz se derramava em nossa volta.

Mal sabia que uma foto jamais conseguiria guardar a beleza do que vi, aquela que vemos nos detalhes da natureza. A foto nunca faz jus a tanta beleza. Mas a fotografia guarda sensações e lembranças, e só por isso já basta.

Não são todos os momentos que consigo me entregar dessa forma e fotografar somente o que vejo, o que me move, sem pretensões ou intuito de fazer daquilo algo maior ou algo que não é, dar uma disfarçada distorcida. E sendo bem sincera, esse é um dos motivos principais pelo qual fotografo, para sentir isso, para fluir. O resultado pouco importa comparado com a sensação de perceber aonde estou. E quando não sinto isso, por mais que me dedique, vá atrás, sempre fica algum buraco. Enfim, esse é papo é longo e vou deixar para outro dia. Com certeza ainda vou voltar a falar sobre isso mais de uma vez, ainda estou tentando destrinchar e entender esse sentimento que martela na minha cabeça.

As crianças cresceram muito nesses últimos 3 anos e hoje em dia a dinâmica mudou, fotografo mais a nova geração da família - afinal eles são irresistíveis nos seus 2 - 4 anos de idade. Mas posso dizer que sinto falta dessa gangue aí de baixo. Minhas meninas... praticamente me ensinaram a fotografar. De tudo que fotografo hoje começou com elas, e começou com o mar. Nesse mesmo mar, só que feito de outras ondas, quando eu tinha apenas 11 anos.

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