Essa fotos são de abril de 2014 (é até ridiculo). Já faz um tempinho que estou com elas na cabeça e não quero deixar que completem 3 anos.
Essa tarde é sobre elas e sobre a minha infância no mar. Quem ouve até pensa que eu era rata de praia, muito pelo contrario. (Re)descobri a praia nesse ano daí, ou quem sabe foi mesmo no ano seguinte, em 2015. E a praia me fisgou. Mas se tem uma memória que tenho do mar, sou eu com 11 anos nesse mesmo mar, só que feito de outras ondas, e é uma lembrança muito parecida com essa. Talvez foi naquele momento que me tornei fotógrafa mesmo sem saber. Lembro vividamente da sensação do mar e pela primeira vez senti vontade de guardar algo que não poderia ser guardado. Lembro que queria conseguir congelar a fluidez da água e sua transparência, guardar o som e a maciez da espuma, todos os tons e cores do céu e a forma como a luz se derramava em nossa volta.
Mal sabia que uma foto jamais conseguiria guardar a beleza do que vi, aquela que vemos nos detalhes da natureza. A foto nunca faz jus a tanta beleza. Mas a fotografia guarda sensações e lembranças, e só por isso já basta.
Não são todos os momentos que consigo me entregar dessa forma e fotografar somente o que vejo, o que me move, sem pretensões ou intuito de fazer daquilo algo maior ou algo que não é, dar uma disfarçada distorcida. E sendo bem sincera, esse é um dos motivos principais pelo qual fotografo, para sentir isso, para fluir. O resultado pouco importa comparado com a sensação de perceber aonde estou. E quando não sinto isso, por mais que me dedique, vá atrás, sempre fica algum buraco. Enfim, esse é papo é longo e vou deixar para outro dia. Com certeza ainda vou voltar a falar sobre isso mais de uma vez, ainda estou tentando destrinchar e entender esse sentimento que martela na minha cabeça.
As crianças cresceram muito nesses últimos 3 anos e hoje em dia a dinâmica mudou, fotografo mais a nova geração da família - afinal eles são irresistíveis nos seus 2 - 4 anos de idade. Mas posso dizer que sinto falta dessa gangue aí de baixo. Minhas meninas... praticamente me ensinaram a fotografar. De tudo que fotografo hoje começou com elas, e começou com o mar. Nesse mesmo mar, só que feito de outras ondas, quando eu tinha apenas 11 anos.